vamos relembrar quem foi Padre Luiz Santiago em cuité PB



 
1.O Padre

O Padre Luiz Santiago de Moura nasceu em 25 de Agosto de 1897, no sítio Meia-pataca, na povoação de Lagoa do Remígio, cidade de Areia, estando hoje nos domínios municipais de Remígio-PB.
Filho do casal Delfim Izidro de Moura e Antônia de Andrade Santiago, o pequeno Luiz seguia à risca a doutrina religiosa familiar. Sua vida clerical inicia-se aos 21 anos, quando é encaminhado ao seminário, permanecendo por uma década cursando filosofia teológica ginasial. Aos 31 anos, é ordenado padre (em 1928), por Dom Adauto Aurélio, e nomeado para a freguesia de Cuité (1929), em lugar do Monsenhor José Tibúrcio.
Uma de suas primeiras ações na paróquia de Cuité foi a implantação da via sacra na igreja “de estilo moderno e de grandes proporções, por iniciativa do ardoroso Frei Martinho, que a começou em dias de 1918 deixando-a coberta...” (SANTIAGO, 1936. p. 16). Em 1931, Pe. Santiago juntamente com o Dr. Edesio Silva funda a capela de Nossa Senhora de Nasaré de Jacu “...distante da sede 2 ½ léguas (...) com aula pública e ensino de catecismo” (idem, ibidem). Já em 1935 foi a vez da fundação da capela de N. S. da Conceição de Malhada do Canto “distante da sede 8 leguas, fundada pelo Padre Luiz Santiago e o Ce. José Antonio, deputado...”(Idem, Ibidem). Em 21 de novembro de 1936 é fundada a capela São Severino do Bispo, através da doação (1 ano antes) de um terreno pelo Sr. Felinto Florentino de Azevedo (LEMOS, 2002. p.117). A presente capela é marco fundador do povoado de Nova Floresta “... Felinto Florentino doou o terreno (...) e construiu inúmeras residências...”. Nesta capela, em 20 de outubro de 1936 é celebrada a primeira missa pelo Pe. Luiz Santiago, que também implanta aula publica e ensino do catecismo. Consta também que Pe. Santiago fundou a capela de Caboré, no atual município de Frei Martinho. Todas as fundações fazem parte do patrimônio da paróquia de N. S. das Mercês do Cuité, cuja fundação foi “... aos 25 de Agosto de 1801, tem um arquivo rico em documentação e sua organização bem regulada, graças ao tino organizador do seu Vigário de 1928, o Mons. José Tibúrcio. Tem bom patrimônio, e 15 Capelas (...) hoje funcionam normalmente, suas aulas, quando não públicas, particulares com o ensino de catecismo...” que também contava com “...uma boa casa paroquial, bem confortável, com água encanada e garage, e todo o mobiliário próprio, 4 casas de telha, alugadas a bom preço, e 3 banheiros de uso publico.”(SANTIAGO, 1936).
Pe Luiz Santiago, em sua carreira sacerdotal, foi vigário da paróquia de Cuité entre 1929 e 1941. Durante este período, acumulou as paróquias de Picuí, entre 1931 e 1936, e de Pedra Lavrada, entre 1931 e 1933.
É perceptível a dinâmica deste jovem padre que dissemina a doutrina católica na região criando diversas capelas e mantendo-as com missas periódicas e aulas de catecismo unido ao ensino público, proeza de caráter social. O ensino e trabalhos sociais realmente foram dois aspectos que norteavam as ações do Pe. Santiago, sua preocupação era tamanha que até sua fazenda foi palco de cursos profissionalizantes. No ano de 1958, quando não mais atuava oficialmente pela Igreja, Santiago trouxe uma jovem artesã para ministrar curso de renda e esta, Maria Elvira de Medeiros, acabou por ficar na fazenda como governanta e, ainda hoje, Dona Mariquinha, como é popularmente conhecida, vive na fazenda e zela pelos bens deixados pelo Padre.
Contudo, o Padre era um ferrenho defensor da obediência à doutrina Católica e cuidava de seu rebanho com “mãos de ferro”, não permitindo indisciplina nos “seus” domínios paroquiais. A partir 1933, Luiz Santiago, começou a ter problemas com um grupo de sectários do luteranismo que estava se instalando em sua paróquia, em Cuité, e se expandindo rapidamente na região aquela doutrina “herege”. Luiz Santiago e seus seguidores passaram a perseguir os protestantes, interrompendo os cultos, espancando os “crentes” e até proibindo que fossem sepultados no cemitério da cidade. Uma intolerância muito comum na época. Polêmico e muito temperamental, num lapso de irracionalidade, em 1935 mandou demolir a igreja protestante (Assembléia de Deus) que estava sendo instalada em Cuité. Sua ação criou transtornos no seio da Igreja católica e gerou um movimento destes protestantes em reação à sua atitude nada moderada. Em meio à celeuma, a emboscada que resultou no assassinato, a tiro de rifle, de um protestante que vinha de um culto, Severino Amaro dos Santos, ocorrida na noite de 15 de agosto de 1940, agravou a situação, pois o crime foi atribuído ao Padre Santiago. Em decorrência do trágico episódio, para evitar novos transtornos para a Igreja, em 1941 Luiz Santiago teve suas ordens canônicas suspensas, por Dom Moisés Sizenando Coelho, lhe sucedendo na paróquia de Cuité o vigário Virgínio Estanislau Afonso.
No entanto, Luis Santiago nunca deixou seu desígnio de ser padre. Construiu sua própria igreja, no subterfúgio das dependências de sua fazenda, e continuou professando a fé e a liturgia católica em sua pseudo-paróquia, a seu modo.

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